15 de setembro de 2013

o vazio habitado



e então espalhei sementes,  gesto poético de quem  nada entende de infinitos, de sol, ou de milagres. eu olhava o gênero humano e descobria o preço excessivo pelo encantamento dos vazios e dos sentimentos invisíveis.
porém, aqui de onde escrevo nascem os rios, as manhãs, os livros.  as trovoadas empurram o céu para  que venha a chuva  e eu observo o vento ao longe a entreter os ares.  aqui estão ao alcance dos afagos, os suspiros incansáveis, o coração habitado em poesia.
entre os labirintos da vida, em meio às palavras impronunciáveis, sobrevivo à cor da terra. venho do amor tecido sob meus pés, de raízes, de silêncios recurvos e brandos.
espero com devoção o movimento dos amarelos e as pétalas jorrando em luz. eu que desacreditei de tudo, vejo-me diante da obstinada coreografia dos dias, a invejar  os  girassóis.

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