A manhã invade o tempo e escoa sob
meus pés. Lembranças respingam no silêncio da memória. O nevoeiro desce pela mata adormecida
e aninha-se perto das águas.
Vem caindo há dias inteiros a chuva, enquanto mastigamos as horas. Só
agora posso ouvir a tua voz que vem dali, no vento que te acompanha.
Depressa, andas. Protejes tua cabeça que o teu corpo esfria e, quando quiseres, olhas-me. Plantarei lírios
brancos, rosas, a hortelã do campo.
Os pássaros cantam junto ao murmúrio das nascentes, borboletas pausam
distraídas na cor da tarde. Procuram secretamente os ecos escritos nos rastros
da lua.
Apressas-te, iluminas a tua face mansa. Quando as sombras incandescentes
curvarem-se sobre o horizonte, novamente colherei estrelas nos meus dedos à deriva dos teus
olhos.
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