16 de setembro de 2013

De distrações e de saudades


A solidão neste vilarejo não é de todo tão ruim, embora meu coração se feche ao transbordamento exuberante das coisas. Há algo de indolente nas flores que se abrem pelas manhãs. Desvio-me, frienta que sou, das abelhas que flutuam entre as folhas e os tufos amarelos perfumados. A igreja lembra-me uma aldeia medieval agradável e o jardim entrecruzado da pracinha oferece belezas ingênuas e indescritíveis. Assim como a ninfa Eco habitava os bosques e os montes, hoje dedico-me a distrações. Direi a última palavra, eco entre os rochedos da montanha, nunca a primeira. Onde ecoará a minha voz? Respiro confusa de ideias e fantasias e devoto algumas lágrimas neste meu retiro sob a força das distâncias. Ah, espíritos enganadores! Se pudesse espelhar a minha alma na água cristalina das fontes de minha terra! Como fazem-me falta as pequenas familiaridades! Ou tenho alguma esperança, ou não tenho nenhuma! Que triste figura narcísica hoje estou! 
[ De quando vivia distante de minha terra]

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