3 de março de 2014

Miniconto de Verão II



Os últimos instantes passou-os observando a rua. Toda a manhã correu para lá e para cá e fitava a rua. Sentia que em toda a sua vida passaria olhando a rua. Apesar do calor, da secura do dia sólido, -verão é para gente forte, contemplava a rua vazia. Não sabia até onde poderia ir sua espera, tão seca, tão funda, sem fim, a olhar a rua vazia.  Haveria um rosto, - um espelho, um eco a atravessar o céu, naquele dia, na rua vazia? Uma água clara, pura, que salvasse o corpo até ali, na raiz funda, ali mesmo onde se tem medo? Medo de chegar à rua vazia e  gritar como no fundo do poço, o que o tempo tem a nos tirar? Os últimos instantes passou-os, assim, tão simplesmente,  a construir  sua vida. Tão simples. Vazia.


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