Os últimos instantes passou-os observando a rua. Toda
a manhã correu para lá e para cá e fitava a rua. Sentia que em toda a sua vida
passaria olhando a rua. Apesar do calor, da secura do dia sólido, -verão é para
gente forte, contemplava a rua vazia. Não sabia até onde poderia ir sua espera,
tão seca, tão funda, sem fim, a olhar a rua vazia. Haveria um rosto, - um espelho, um eco a
atravessar o céu, naquele dia, na rua vazia? Uma água clara, pura, que salvasse
o corpo até ali, na raiz funda, ali mesmo onde se tem medo? Medo de chegar à
rua vazia e gritar como no fundo do
poço, o que o tempo tem a nos tirar? Os últimos instantes passou-os, assim, tão
simplesmente, a construir sua vida. Tão simples. Vazia.
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