30 de agosto de 2013

a mulher que passa


Todo o tempo que tem passa distante do mundo. Anda por lugares longes, sobe montanhas, desce alturas perigosas. E caminha entre árvores, e colhe flores e esquece as lágrimas. O pensamento flutua como as sombras das folhas e afunda como as pétalas no riacho. Perde-se em devaneios, distraída, e retorna a si, monótona, quando os dias tornam-se comuns. Não tem outro vestido e ninguém a quem agarrar-se. Por vezes enfrenta os escuros, abraçando as cores da saia. Palavras exageradas saem das pontas de seus dedos, e escreve todos os seus defeitos de herança no papel em branco. Só para fugir da punição das horas. Conhecida pela ingenuidade, vive debruçada no silêncio a indagar segredos, os pés descalços, as mãos vazias. E por não querer gerar despedidas, projeta-se sempre em abraços a desenhar os motivos da vida.

2 comentários:

  1. escreve as montanhas que sobe, e desenha-lhes janelas, debruçando-se sobre as horas indagadas da vida. seus abraços esquecem a distância do mundo, mas não as cores herdadas em suas mãos.

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  2. Que poesia! Abraços desde as montanhas.

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Bons ventos tragam você!
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